Biografia de Vincent Van Gogh ( 1853 - 1890 )
Van Gogh foi um pintor holandês que viveu uma vida tão breve e trágica. Rebelde, inclinado à solidão, até mesmo insociável, Van Gogh é um desajustado no seu lar, em sua terra e em sua sociedade. Desde jovem, tem dificuldade em se adequar aos padrões e passa por diversos trabalhos, até que descobre sua verdadeira aptidão, a pintura. É ajudado por seu irmão mais novo Theodore, a quem chama carinhosamente de Theo. Foi seu amparo afectivo, emocional e económico. Em 1876, vive suas primeiras crises nervosas e tem na religião um refúgio. Resolve ser pastor. Mas nem assim ele se aquieta.
Quando resolve pintar, é ajudado pelo irmão Theo, que neste período é um dos dirigentes da Galeria Goupil. Theo está em Paris, o centro artístico. Com o dinheiro que ele manda, Van Gogh estuda anatomia e perspectiva. Resolve pintar a sua terra e os homens simples.
Era um artista excepcional que foi buscar na própria natureza, o colorido, as formas revoltas, as árvores farfalhudas, as casas solitárias, os rostos sofridos, os céus estrelados, o amarelo dos girassóis e dos trigais, tudo com um brilho muito exagerado para ter mais expressão. Dizia:“Procuro com o vermelho e o verde exprimir as mais terríveis paixões humanas. Quero pintar o retrato das pessoas como eu
as sinto e não como eu as vejo”.
A seu convite, Gauguin chega em Outubro, para trabalharem juntos. Seguem-se dois meses de trabalho duro é fértil para ambos. Mas a diferença de temperamento e de atitude diante da vida acaba explodindo numa inevitável desavença. Van Gogh tem crises de humor, discute, agride o amigo, sofre de mania de perseguição e numa das crises tenta ferir Gauguin com uma navalha. Perde a luta, é levado para a cama em lágrimas e com descontrole muscular. Arrependido, corta, de propósito, um pedaço da orelha e manda num envelope à mulher que motivou a briga.
Recolhido ao hospital Saint-Paul para doentes nervosos, mais tarde pinta, diante do espelho, o Auto-Retrato com a orelha cortada. Seu olhar é de espanto, mágoa e melancolia. Em Maio de 1889 ele mesmo pede ao irmão que o interne. Vai ao hospital de Saint-Rémy. Seu quarto do hospital é transformado em atelier. Pinta sem parar, e manda dizer ao irmão que está pintando bem. Pinta paisagens, o hospital, os doentes, as celas, o pátio e os médicos. Apesar de sua grande produção, vendeu um único quadro em sua vida toda.
Os seus últimos quadros já mostram deformações mais fortes, pois prefere pintar a sua própria realidade. Os trigais são turbulentos e inquietos, os ciprestes estão trémulos, angustiantes, cheios de tensão, as oliveiras tornam-se exaltadas e torcidas.
No dia 27 de Julho de 1890 sai para o campo de trigo com um revólver na mão. É domingo, o grão está dourado, o céu incrivelmente azul. Corvos gritam e fogem em revoada. Dias antes pintou esse quadro. No meio do campo dá um tiro no peito.
Em todos os quadros assinava simplesmente “Vincent”. A vida para Van Gogh foi uma sombria e desesperada luta contra a pobreza, a fome, o alcoolismo e a loucura. Van Gogh, com sua pintura, contribuiu para a pintura moderna com a vitória da cor sobre o desenho, libertando a cor. Foi o precursor do Expressionismo.